quarta-feira, 11 de julho de 2012

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.





Ganhei de uma Pessoa especial..Amei...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Aranha Macho


Quero-te, homem, nas minhas entranhas,
Rasgando véus, vazios, fidelidade!
E quero ser o ser com que te assanhas
Em cama aberta e sem solenidade.

Quero-te, homem, pelo corpo adentro
Num cavalgar contínuo e castigado
Por essa dor que possa vir ao centro
De qualquer culpa em mim descarregado.

Quero-te forte em braços e torturas,
De incêndio feito se queimando em mim.
Quero incitar- te à todas as loucuras,

E a todas elas tu terás meu "sim".
Neste meu ventre cálido às escuras,
Aranha macho , encontrarás teu fim.
- às inclementes aranhas fêmeas -


Ainda Te Amo

Dobrei todas as esquinas
Fugindo do teu olhar
Amordacei emoções, carinhos
Sequei meu pranto, coração
Segui por estradas íngremes
Deixando meus rastros de solidão
Engoli tuas regras, prescrições
Em seco, cruzei pântanos
Arrisquei-me, escalei montanhas
Fechei os olhos, diante do medo
Perdia-me de mim, sofria
Fui me deixando, sombra
Pássaro cativo em céu aberto
Queria-te, abraçava-te no meu frio
Nos lençóis do meu pensamento
Cobria meu corpo com o teu
Pedi ao tempo guarida
Deitei-me no colo da esperança
Espera infrutífera, inútil
Não voltaste para sonhar comigo
Mas ainda agora, meu coração
Teima em dizer: te amo


Meus amores.
Relembro com desdém o passado
E almejo ansiosamente o futuro.

É na noite calma, fria e serena
Que os anjos sossegam meu coração,
Inquieto e ardente por novas emoções
Nem ele mesmo, indolente como é, sabe lidar.

É assim, que eu e a noite - no silêncio - nos amamos.
Ela, acalentando assaz meu pequeno coração
E eu, me rendendo aos seus afagos e apelos,
Para no silêncio do meu quarto, conquistar a paz.




Menina..Mulher...

Gosto quando me chama de menina
Quando chega de repente
E me enlaça, suavemente
Me deixando arrepiada
Tocando minha pele bronzeada

Gosto quando diz certas coisas
E minha timides põe-se a perder
E vou me tornando
Sua Menina/Mulher
E diz que é assim que me quer

Gosto quando me tira do sério
E sem mistério nos amamos
Com toda a pureza, leveza
Misturada a uma doce safadeza
Que me faz sentir
Uma mulher desejada, amada

E quando na cama, me deito
Lembro dos seus beijos
Que me deixam enlouquecida
Do seu modo de falar
Que me ama, me deseja
Arde de desejo por mim

Desejo da minha boca
Dos meus braços
E diz que olhando meu retrato
Daria a sua vida por mim

Gosto que me enrosco
De ser amada por você
De ser sua Menina/Mulher
Pois é assim que você mais quer


Naquele jardim encantado

onde nos encontrávamos

Nossos olhos furtivamente

Se cruzavam

De modo discreto

nos aproximávamos

Como dois rios caudalosos

de águas serenas

porém abundantes

Cada qual seguindo seu curso

Rios impetuosos, em ritmado pulso

Vidas paralelas em águas tremulantes

Nossos desejos se emolduravam

no sorriso breve e tímido que trocávamos

no toque plácido das mãos que entrelaçávamos

Deixamos seladas

na copa daquele majestoso Carvalho

as iniciais do nosso nome

bem talhadas

Sempre que a face do céu sorria

em tons de anil

corríamos para o nosso jardim primaveril

onde nossos sonhos se fagocitavam

e ali nos enamorávamos

O que era singular, plural se fez

o amor selou nossa vida

mostrou-nos sua rutilante tez